MEMORIZAÇÃO E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
A educação dos “antigos”, designação popular usada por pessoas que tiveram acesso à educação formal básica décadas atrás primava pela memorização. Tabuada, fatos históricos, nomes de grandes personalidades da História oficial, enfim, tudo deveria ser memorizado e repetido pelos alunos, quando instados pelos professores.
Concursos e seleções para ocupação de postos de trabalho, à época dos “antigos” poderiam exigir grandes capacidades de evocação de conhecimentos prontos pelos concorrentes, memorizados, a fim de eliminar candidatos em disputa.
Sabemos que tanto a educação, quanto a forma de ingresso de pessoas em postos de trabalho mudou com o tempo. Novas capacidades tem sido exigidas. A Inteligência Emocional, que se situa na interação entre emoção e inteligência é um fator importante a serem desenvolvido pelas pessoas nos processos educativos. Esta interação também é observada em várias seleções para postos de trabalho.
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
A inteligência emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. (Mayer & Salovey, 1997, p. 15).
Segundo os pesquisadores Mayer, Salovey e Caruso, o processamento de informações emocionais deve ser explicado em quatro níveis:
(a) percepção atenta das emoções;
(b) utilização da emoção para melhorar o pensamento, para solucionar problemas e ser criativo;
(c) compreensão das emoções; e
(d) controle de emoções no sentido de um crescimento pessoal (Mayer et al., 2002).
É interessante observar como os itens acima expandem bastante uma ideia que poderia ser restrita sobre a inteligência e que foi ultrapassada, em certo ponto, pelo conceito de inteligência emocional. Para este conceito, saber identificar e perceber as próprias emoções também é uma manifestação de inteligência. E utilizar a emoção passa a não ser problema, pois oferece ferramentas para aprimorar os próprios pensamentos, para conseguir criar caminhos na resolução de problemas e também para desenvolver a criatividade. As emoções passam a ser destacadas como possibilidades concretas de autodesenvolvimento, de crescimento.
O livro “O Monstro das Cores”, de Anna Llenas, é bastante elucidativo quanto à temática do conhecimento da inteligência emocional. Dedicado ao público infantil, a estória narra uma menina, que se dispõe a auxiliar um pequeno monstro na identificação e organização das emoções que sente.
Capa do livro “O Monstro das Cores”, da Anna Llenas
A criança da estória do livro toma o monstro pelas mãos para ajudá-lo, afinal quando as emoções ficam bagunçadas, “não funcionam”, de acordo com a personagem. A criança passa a conversar com o monstro sobre cada emoção. Conta para ele qual é a cor de cada emoção e as demais características. Ao fim, coloca cada emoção em potes separados. Ela não despreza ou incentiva o monstro a descartar qualquer uma delas. O esforço é, portanto, para organizá-las e saber distingui-las.
É importante às crianças e também aos adultos este importante exercício de autoconhecimento. Muito mais que memorizar itens, as tarefas de reconhecer e domesticar emoções se colocam no tempo atual como absolutamente necessárias e valorosas tanto para a satisfação e desenvolvimento pessoais, quando ao bom exercício das atividades profissionais.
O monstro que habita em cada pessoa necessita, às vezes, da ajuda para realizar este autoconhecimento e organização, como na estória do livro, e o olhar investigativo da criança, que também habita em cada pessoa, pode ser fonte de inspiração para este caminho de descobertas e aprimoramentos.
#educacao #ensino #direito #sociologia #acessoaodireito #escola #autodesenvolvimento #popularizaçãodaciencia #etica #direitonaescola #justiça #inteligencia #memoria #memorizacao #palomagoulart.advogada
Paloma Goulart
Escritora – Professora - Advogada
Doutora e Mestre em Sociologia / Especialista e Bacharela em Direito
Siga nas redes:
Referências:
MAYER, J. D., & SALOVEY, P. (1997). What is emotional intelligence? In P.
Salovey & D. Sluyter (Eds.), Emotional development and emotional intelligence:
Implications for ducators (pp. 3-31). New York: Basic Books.
MAYER, J. D., SALOVEY, P., & CARUSO, D. R. (2002). Mayer-Salovey-Caruso
Emotional Intelligence Test (MSCEIT) user's manual. Toronto, Canada:
MHS.
Imagens
Álbum de fotos. Imagem de klimkin por Pixabay. Imagem de livre uso e
atribuição. Disponível em:
<https://pixabay.com/pt/photos/retro-%c3%a1lbum-de-foto-mem%c3%b3ria-
fam%c3%adlia-1483781/>. Acesso em 12.07.2022.
Capa do livro “O Monstro das Cores”, da Anna Llenas
Comentários
Postar um comentário