AUTOCONHECIMENTO E INTELECTUALIZAÇÃO


Se você digitar “mantra” em uma das ferramentas de busca de informações na internet, verá inúmeros resultados da pesquisa e muitos deles estão em plataformas de vídeos e músicas para relaxar e meditar.

Quando se diz “mantra”, as imagens primevas que, para muitas pessoas, virão à mente são de hinos ou poemas antigos. Em geral, associados às tradições orientais, hinduístas, budistas e em contextos de práticas de meditação.

É bem certo que várias culturas antigas, como as de povos indígenas e africanos, também possuem cânticos e frases utilizadas em rituais de cura e de revelação.

Estes sons são vibrações e tem ressonância sobre os corpos humanos:


O som pode ser entendido como vibração. “Ressonância” é a frequência na qual o objeto vibra de maneira natural. Tudo tem frequência de ressonância, quer possamos ouvir ou não. Desde as órbitas dos planetas em torno do sol até o movimento os elétrons ao redor dos núcleos atômicos, tudo vibra. [...] Com a ressonância, as vibrações de um corpo podem se expandir e atingir outro corpo vibratório. Podemos observar esse fenômeno facilmente se analisarmos, por exemplo, um cantor que quebra um copo com a sua voz. O que acontece é que a voz do cantor consegue igualar a frequência de ressonância do copo, fazendo que vibre. Então, com intensa energia sonora e a super amplificação do copo, este se quebra”. (GOLDMAN, 1999, p. 20)


E quem se lembra que as palavras faladas fala também são som? Que as palavras também produzem esta ressonância em nossos corpos? Que se muitas vezes reproduzidas, mais ressonância produzem?

Para quem não se lembrava, mas agora se lembrou, convido a pensar sobre a seguinte frase: “Conhece-te a ti mesmo”. Esta frase é atribuída a Sócrates, pilar da filosofia grega, ocidental.

Considerando que Sócrates viveu entre 470 a 399 a.C., considerando ainda que estamos no ano de 2022, pode-se afirmar que esta frase ecoa, como um mantra, há quase 2.500 anos, ressonando ininterruptamente por milhares de corpos humanos.

A busca pelo autoconhecimento não é recente. Aqui referenciamos o “mantra” de Sócrates, mas muito houve no mesmo sentido antes dele, em vários povos.

E o que você tem feito? Muitos estudos, buscando saber tudo pela razão e intelecto? Seria esta a síntese do autoconhecimento? E quanto ao autoconhecimento de crianças e jovens? Vivências escolares a promovem?

Na maior parte dos ambientes de escolas formais se vê uma ênfase grande nos treinamentos e ensinos de conteúdos que reforçam o desenvolvimento intelectual. Mas a intelectualização seria uma das dimensões do desenvolvimento humano alinhado à tarefa (ou o despertar) do autoconhecimento.

Pensamos, sentimos, sabemos disto. Também somos seres que possuem vontades, que impulsionam nossas ações.

A Antroposofia se refere a isto como “trimembração” (sentimento, pensamento, vontade) e lança, então, uma interessante proposta: de repensar modelos educacionais formais, de maneira a desacreditar a ideia, irrefletidamente incutida em planejamentos e currículos de ensino formal, de que a intelectualização deva ser um foco de atenção, não necessariamente bem articulada com as outras dimensões elementares do seres humanos – sentimento e vontade.

Afinal, o mantra “conhece-te a ti mesmo” é bem mais amplo que apenas: “conhece o máximo de conteúdos úteis possível”.

A ressonância de propostas pedagógicas diferentes, como as que vem sendo inspiradas no conceito antroposófico da trimembração, emergem, resignificando velhas ideias, que guiam a educação formal, em especial de crianças e jovens, bem como impulsionam a autoeducação de famílias e professores.


#educacao #ensino #valores #autoconhecimento #autodesenvolvimento #popularizacaodacientica #etica #direito #cidadania #sociologia #pedagogia #teoriasdodesenvolvimento #desenvolvimentohumano #psicopedagogia #psicologia #inteligencia #inteligencias  #acessoaodireito #escola #palomagoulart.advogada


Paloma Goulart

Escritora – Professora - Advogada

Doutora e Mestre em Sociologia / Especialista e Bacharela em Direito



Siga nas redes:





Referências:


GOLDMAN, Jonathan. Os sons que curam: o poder dos harmônicos. São Paulo:

Siciliano, 1994.


STEINER, Rudolf. A Prática Pedagógica: segundo o conhecimento científico-espiritual do homem.

 Tradução Christa Glass. Editora Antroposófica; FEWB, 2000.


Imagens:

Imagem Meditar. Fonte livre de Vined Mind por Pixabay. Disponível em<https://pixabay.com/pt/photos/mulher-medita%c3%a7%c3%a3o-meditar-relaxar-5467227/>.Acesso em 27.07.2022






Comentários